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Querido Jerónimo Martins,

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Escrevo esta carta para expressar o meu amor por ti!



Sei que pode soar ridículo mas, como dizia Fernando Pessoa, todas as cartas de amor o são e eu não tenho medo algum disso. Na verdade perdi grande parte do medo há algum tempo atrás, tendo os meus pais desempenhado um papel fundamental: cedo perceberam a minha timidez e o meu receio do mundo, e por isso inscreveram-me nos escuteiros quando eu tinha apenas 6 anos. Foi ali que aprendi pela primeira vez a importância de trabalhar em equipa e enfrentar o desconhecido com coragem e determinação. Foi também onde troquei as primeiras palavras com gente de todo o mundo e aprendi o significado da amizade. Foi uma escola de vida que jamais abandonei – porque tudo isto ficou gravado em mim – mas que fui deixando gradualmente quando entendi ser altura de agarrar um outro sonho: a Faculdade de Medicina de Lisboa.



Novamente pontapeei o medo e escolhi um curso que surgia pela primeira vez: Dietética e Nutrição. Foi uma caminhada de vontade e garra que durou até 2009. Pelo meio fui aumentando o meu conhecimento com algumas formações e workshops sobre as quais poderemos falar mais tarde.



No meu último ano de curso, sem a mais pequena noção do impacto que teria no meu futuro, comecei a trabalhar em full-time numa loja de brinquedos: foi na “4Kids” (Amoreiras Shopping Center) que descobri uma paixão escondida pela área comercial. De repente quis saber tudo o que havia para saber sobre todos os brinquedos do mundo, e sem mais demoras passei a fazer a gestão de stock, encomendas, montras e a trabalhar a exposição dos produtos, assim como toda a dinamização comercial da loja. Recordo com alguma nostalgia e muita alegria quando fui  à maior feira de brinquedos do mundo para trazer mais novidades e diferenciar a (minha!) loja. O meu coração estava ocupado pela aquela “lojinha”, mas a minha capacidade de adaptação e versatilidade levaram a que, sempre que necessário, me dedicasse também a uma outra loja do mesmo grupo, a “4Babies”, especializada em puericultura e moda infantil. Dois anos e meio após a minha entrada nesta família, a “4Babies” encerrou.  Apesar da hipótese de ficar, sabia das dificuldades que representava manterem-me, por isso aceitei um novo desafio que me permitia também manter as consultas de nutrição.



Permaneço nesse desafio até à presente data, integro uma associação que aconselha e ajuda pessoas sobreendividadas. É verdade que, uma vez mais, esta experiência não está relacionada com a minha área de formação base, mas tem sido  uma escola – tanto a nível profissional como pessoal. As minhas funções passam por receber as pessoas que nos procuram, muitas vezes já em estado de grande desespero e tristeza, devolver-lhes a esperança e colocar um sorriso na cara que há muito teimava em não aparecer. Este ano que aqui passei, permitiu-me aperfeiçoar as minhas capacidades de negociação (com credores), cujos resultados levaram ao aumento da credibilidade da associação. Uma vez que é um organismo pequeno, acabei por ser envolvida em todas as áreas, incluindo a divulgação e o estabelecimento de parcerias. Direi que é um trabalho duro, mas vale bem a pena, especialmente quando, ao final do dia, ouvimos alguém dizer “Obrigada, hoje vou voltar a dormir com esperança”.

Agora que já falei um pouco de mim, voltemos ao assunto principal desta carta: o meu amor. Espero não desiludir quando digo que tenho sido uma admiradora à distância, deixando que o medo me tomasse um pouco neste domínio... Sim, ainda não combati todos os meus medos, mas acredito que é isso mesmo que me mantém forte e sempre com força de fazer melhor.  Sei que tenho tudo para te proporcionar felicidade: sou apaixonada, altamente motivada e estou disponível para aprender mais e inovar. Estou segura de que reúno as condições que tu aprecias quando escolhes alguém para entrar na tua vida. No entanto, tem-me apenas faltado a coragem e é por isso que escrevo esta carta. Porque quero conhecer-te, entrar no teu mundo e viver cada momento contigo, com a paixão e dedicação que só quem ama possui!
                                                                                                         





A tua,

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Denise Sequeira